Abelhas sem ferrão do Brasil — guia completo para entusiastas e profissionais
Nesta postagem apresento um panorama completo sobre as abelhas sem ferrão (tribo Meliponini) no Brasil: biologia, importância ecológica, gêneros e espécies mais relevantes, distribuição por bioma, uso em meliponicultura, ameaças, e orientações sobre onde obter e creditar informações e imagens para cada espécie. O conteúdo a seguir é técnico, objetivo e foi organizado para facilitar publicação direta no site.
Introdução
As chamadas abelhas sem ferrão agrupam-se na tribo Meliponini (família Apidae). São eusociais, constróem ninhos permanentes em cavidades e desempenham papel crítico como polinizadoras de inúmeras plantas nativas e cultivadas no Brasil. Ao contrário das abelhas melíferas com ferrão (ex.: Apis), estas espécies não dispõem de ferrão funcional — defendem-se por mordida, própolis e ações coletivas.
Por que elas importam?
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Polinizam plantas nativas e cultivadas (frutas, ervas, flores nativas).
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Produzem mel de identidade regional e produtos como própolis e cera.
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São excelentes indicadores de biodiversidade e saúde ambiental.
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Podem ser manejadas em meliponicultura urbana e rural, promovendo educação ambiental e geração de renda.
Diversidade no Brasil (resumo)
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O Brasil é o país com maior diversidade de Meliponini do mundo.
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Estimativas e catálogos taxonômicos apontam para centenas de espécies registradas no território brasileiro (ordem de grandeza: cerca de 200–300 espécies descritas, sujeito a revisões taxonômicas).
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A diversidade é especialmente alta na Amazônia e Mata Atlântica, mas há representantes em todos os biomas brasileiros (Cerrado, Caatinga, Pantanal, Pampa).
Observação técnica: a taxonomia de Meliponini sofre revisões frequentes. Para cada nome científico que publicar, confira a grafia e anotações de sinônimos em catálogos atualizados antes de colocar nos créditos.
Principais gêneros presentes no Brasil
A seguir, os gêneros com ocorrência documentada no Brasil (lista representativa — todos têm espécies nativas brasileiras):
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Melipona
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Tetragonisca
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Tetragona / Trigona (algumas espécies reclassificadas em outros gêneros)
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Scaptotrigona
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Frieseomelitta
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Plebeia (e gêneros próximos/relacionados)
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Nannotrigona
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Partamona
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Lestrimelitta
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Paratrigona
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Geotrigona
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Schwarziana
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Trigona (uso histórico; hoje subdividido taxonomicamente)
Cada gênero apresenta adaptações distintas de tamanho, anatomia e comportamento de nidificação; ao publicar fichas de espécie, inclua sempre o nome científico e nomes populares regionais.
Espécies de maior relevância — fichas resumidas (exemplos para publicar)
Abaixo seguem fichas curtas de espécies amplamente conhecidas no Brasil. Use estas fichas como template; ao publicar, valide ocorrências por estado/município nas bases recomendadas (GBIF, Moure’s Catalogue).
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Tetragonisca angustula — Jataí
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Tamanho: pequena; colônia moderada.
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Ninho: cavidades (árvores, paredes).
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Distribuição: ampla, encontrada em áreas urbanas e rurais.
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Notas: espécie muito manejada por meliponicultores; mel apreciado localmente.
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Melipona scutellaris — Uruçu / Mandaçaia (variantes regionais)
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Tamanho: média a grande.
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Ninho: cavidades de árvores.
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Distribuição: litoral e áreas da Mata Atlântica e Nordeste (variações regionais).
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Notas: alto valor cultural e econômico; sensível a manejo inadequado.
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Melipona quadrifasciata — Mandaçaia / Uruçu-amarela
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Tamanho: média a grande.
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Ninho: cavidades grandes.
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Distribuição: ampla em biomas diversos (consulte registros).
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Notas: muito utilizada na meliponicultura.
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Scaptotrigona postica
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Tamanho: média.
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Comportamento: colônias vigorosas; produz mel e própolis.
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Observação: presença documentada em diversos biomas.
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Frieseomelitta varia (e espécies do gênero Frieseomelitta)
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Tamanho: pequeno-médio.
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Notas: existem variações regionais; nomes populares variam.
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Nannotrigona testaceicornis
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Tamanho: pequena.
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Observação: adapta-se bem a áreas urbanizadas.
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Plebeia spp. (diversas espécies do grupo conhecido popularmente como “mirins”)
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Tamanho: pequenas.
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Observação: numerosas espécies; frequentemente chamadas de “mirim”, “uruçuzinha”.
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Trigona spinipes — Arapuá
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Tamanho: média.
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Notas: conhecida por grande disponibilidade e por ser ocasionalmente considerada praga em pomares.
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Lestrimelitta spp.
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Comportamento: cleptobiota — invadem ninhos de outras sem-ferrão para roubar recursos.
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Observação: geralmente não mantidas para coleta de mel.
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Partamona helleri (exemplo de Partamona)
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Observação: gênero com espécies de ampla distribuição em habitats variados.
Estes são exemplos de fichas; o Brasil possui muitas outras espécies com nomes populares variados por região. Para cada espécie que você publicar, recomendo inserir: (1) nome científico em itálico, (2) nome(s) populares entre parênteses, (3) mapa de ocorrência (GBIF), (4) 2–3 fotos (operária, ninho, mel) com crédito.
Distribuição por biomas (síntese prática)
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Amazônia: maior riqueza de espécies, alta endemia.
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Mata Atlântica: diversidade alta e espécies ameaçadas.
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Cerrado: espécies adaptadas a sazonalidade; importantes polinizadores de fruteiras do bioma.
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Caatinga: espécies xerófitas e adaptadas à seca.
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Pantanal: mistura de espécies amazônicas e do cerrado.
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Pampa (sul): menor diversidade relativa, mas com espécies adaptadas a clima temperado.
Identificação e nomes populares
Nomes populares variam localmente. Sempre apresente o nome científico e inclua a lista de nomes vernaculares com indicação da região onde são usados. Exemplo: Tetragonisca angustula — “jataí” (Norte/Nordeste/Sudeste); em algumas regiões o mesmo nome pode designar espécies semelhantes.
Ameaças e conservação
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Perda de habitat (desmatamento, monocultura).
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Agrotóxicos (impacto subletal em navegação, reprodução).
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Exploração predatória (coleta ilegal de colônias).
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Doenças e pragas associadas a manejo.
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Mudanças climáticas — alteração de fenologia de plantas melíferas.
Medidas recomendadas: proteção de fragmentos, plantio de corredores florísticos, formação técnica para meliponicultores, registro de espécies/colmeias e campanhas de conscientização.
